Projeto Mais que Doce qualifica em confeitaria mulheres que experimentaram um lado amargo da vida

Com carga horária de 66 horas/aula, a capacitação ocorrerá entre 5 e 29 de agosto no Senac

25/07/2019 - Conjugação de esforços para um objetivo comum: ensinar técnicas de confeitaria básica a mulheres vítimas de violência doméstica, encarceradas e egressas do sistema prisional em Mato Grosso do Sul. Esse foi o pacto assinado entre Ministério Público do Trabalho (MPT), Tribunal de Justiça (TJ) e Serviço Nacional de Aprendizagem (Senac), nesta quinta-feira (25), visando potencializar a (re)inserção no mercado de trabalho de 15 participantes que acumulam elevados custos emocionais, econômicos e sociais, seja pelo convívio com a agressão ou por escolhas equivocadas.

O documento foi rubricado pelo procurador-chefe do MPT-MS, Leontino Ferreira de Lima Junior, pelo presidente do Tribunal, desembargador Paschoal Carmello Leandro, pela coordenadora da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar de MS, juíza Jacqueline Machado, e pelo diretor regional do Senac-MS, Vitor dos Santos de Mello Junior. O juiz auxiliar da presidência do TJ-MS, Fernando Chemin Cury, e a gerente regional de Gastronomia do Senac, Roberta Valos, também participaram do ato.

Na prática, o termo de cooperação técnica estabelece as competências de cada instituição para que o curso seja executado. Ao MPT, por exemplo, coube a reversão de recursos – em torno de R$ 30 mil – oriundos de condenações em processos trabalhistas, para custear bolsa-auxílio, transporte e alimentação das alunas, remuneração dos instrutores, material gráfico e insumos diversos. “O curso será uma forma dessas pessoas, que sofrem discriminação por estarem em uma situação de vulnerabilidade, prepararem-se para concorrer em igualdade de condições no mercado de trabalho ou apostarem no empreendedorismo”, avaliou o procurador-chefe Leontino Ferreira de Lima Junior.

Para o presidente do Tribunal de Justiça, parcerias como esta são importantes não somente para as instituições, mas também para a população. “Estamos sempre na busca de melhorias, procurando dar qualidade de vida para as pessoas, especialmente neste caso com a capacitação destas mulheres, que permitirá a reinserção delas no mercado de trabalho com melhores perspectivas de futuro”, afirmou o desembargador Paschoal Carmello Leandro.

Ao comentar as diretrizes do projeto, a juíza coordenadora da Mulher, Jacqueline Machado, sublinhou uma janela larga de possibilidades que se descortina com a capacitação. “O Confeitaria Mais que Doce permite que estas mulheres tenham uma alternativa, um objetivo, já que aquelas que saem do sistema prisional estarão qualificadas para o mercado de trabalho e as vítimas de violência, que tem dependência econômica e não conseguem romper essa situação, consigam se qualificar e a partir daí ter uma nova vida. Parcerias assim são fundamentais para que a gente evolua nas questões sociais e consiga cada vez mais colocar as mulheres, de forma digna, no mercado de trabalho”, destacou, lembrando ainda que, além de privilegiar técnicas culinárias, o curso se inicia com uma oficina de teatro para que essas mulheres desenvolvam a comunicação e a expressão corporal.

O diretor regional do Senac agradeceu a confiança na instituição do MPT e do TJ para o desenvolvimento do curso. “É uma triste realidade a violência contra a mulher, mas a gente vê tantas ações positivas que é para o Senac uma grande satisfação fazer parte desta ação. Contem sempre conosco”, ressaltou Vitor de Mello.

Sobre o projeto

O Curso Básico de Confeitaria Mais que Doce será ministrado pelo Senac e contará com a participação de 15 mulheres (7 em cárcere ou egressas do sistema prisional e 8 em situação de violência doméstica) selecionadas pelo Tribunal de Justiça.

Com carga horária de 66 horas/aula, a capacitação ocorrerá de 5 a 29 de agosto e entre os temas de sua programação, além do conteúdo prático de confeitaria, princípios de higiene e manipulação de alimentos, haverá aulas em que serão abordados aspectos jurídicos e psicossociais da violência doméstica, ministradas pela juíza Jacqueline Machado e técnicas da Coordenadoria da Mulher do TJ-MS.

Ao final do curso, o Senac disponibilizará até quatro vagas de estágio de 30 dias no restaurante-escola Terra das Águas para as alunas com melhor desempenho, além de realizar o acompanhamento pedagógico referente à aprendizagem, mediante instruções e conselhos às participantes.

De acordo com o projeto Relógios da Violência do Instituto Maria da Penha, a cada 2 segundos uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil. A cada 22,5 segundos, uma mulher é vítima de espancamento ou tentativa de estrangulamento. E, a cada 2 minutos, uma mulher é vítima de arma de fogo.

Fontes: Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul e Tribunal de Justiça
Informações: (67) 3358-3035
www.prt24.mpt.mp.br | twitter: @MPT_MS | instagram: @MPT_MS

Tags: Ministério Público do Trabalho, ação civil pública

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