“Mudança de cultura para prevenção de acidentes de trabalho na organização parte do nível estratégico”
30/04/2015 – A palestra de abertura do “Seminário de Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho em MS”, realizado em Campo Grande no último dia 28, em alusão ao Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes do Trabalho, destacou a importância de estabelecer a cultura de segurança em nível estratégico nas organizações para a prevenção dos acidentes de trabalho. O tema foi apresentado pelo engenheiro e auditor fiscal da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), Marcelo Nantes de Oliveira.
Durante sua palestra, o auditor fiscal do trabalho afirmou que é preciso trazer a gestão de segurança para os setores da empresa que têm poder decisório e criticou a cultura do EPI [equipamento de proteção individual] na sociedade, nas empresas e na imprensa: “Criou-se uma cultura do EPI, a ‘EPIzação’, mas as normas já previam que não é o EPI que vai trazer segurança”. Marcelo esclareceu que no sistema de gestão da segurança, há uma hierarquia de medidas: a primeira é a proteção coletiva, em segundo está a adoção de medidas administrativas ou de organização do trabalho, em terceiro, a proteção individual e, em quarto, a sinalização e rotulagem.
“A mudança de cultura na organização parte do nível estratégico, não é o trabalhador que pode mudar essa realidade”, enfatizou. Fornecer EPI pode ser mais barato que proteger uma máquina muitas vezes, mas hoje vê-se que a utilização de EPI é subsidiária das medidas de ordem geral, ou seja, em primeiro lugar, vem a proteção coletiva.
Em um dos exemplos, o auditor apontou que, em um determinado ambiente de trabalho, uma medida mais efetiva seria a troca de uma empilhadeira por combustão, que emite gás carbônico, por uma empilhadeira elétrica do que o simples fornecimento de máscaras para os empregados não inalarem o gás. Em um segundo exemplo, citou que em vez de fornecer protetores auriculares para todos os empregados para minimizar os ruídos de uma máquina de ar bastaria adequar o ambiente para colocar a máquina na área externa do prédio. “Não é só a entrega de EPIs que reduz acidente e doenças do trabalho”, reforçou.
É preciso analisar e eliminar os riscos
Marcelo Oliveira também destacou que é preciso parar com o discurso da baixa escolaridade e da alta rotatividade nas empresas para justificar os acidentes. “Não é o trabalhador, no nível tático ou operacional, que vai mudar essa realidade. A mudança de cultura na organização parte do nível estratégico”, enfatizou.
José Carlos Pesente, educador da Fundacentro, acrescentou em sua palestra sobre "Educação e geração de uma cultura de segurança em ambientes laborais" que o acidente é visto isoladamente como culpa do trabalhador quando, na verdade, é a culminância de um processo: “Quando se fala em ‘ato inseguro’ remete-se à culpa ao trabalhador quando houve situações anteriores que resultaram no acidente”, resumiu.
Fonte: Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul
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