Procurador-geral do Trabalho fala sobre trabalho escravo contemporâneo em evento da UCDB
30/10/2014 - Globalização, tráfico de pessoas e trabalho escravo foram os temas da mesa redonda com a participação do procurador-geral do Trabalho, Luís Camargo, na noite de 29 de outubro. A palestra foi proferida como atividade do I Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), realizado nos dias 28 e 29 de outubro, em Campo Grande.
Camargo iniciou sua apresentação com um vídeo sobre a terceirização na indústria da confecção, que levou a fabricação de roupas, bolsas e outros produtos para barracões as favelas, nas quais tem sido encontrados estrangeiros também, mostrando a ligação entre o trabalho escravo contemporâneo e o tráfico de pessoas. "Vemos esse processo produtivo acontecendo em diversos cantos do mundo com situação de exploração. O capital avança sobre a dignidade da pessoa humana", enfatizou.
Água suja pra beber, condições degradantes, jornada exaustiva. "Os trabalhadores mantidos em condições degradantes não têm dignidade, têm preço!", afirmou. Camargo ressaltou que esses trabalhadores explorados são transformados em coisa que não tem direito a nada.
Somente no Brasil, de 1995, quando o Grupo Móvel de Fiscalização foi criado, a 2013, mais de 45 mil trabalhadores foram resgatados de condições degradantes no Brasil. A primeira operação do Grupo Móvel foi realizada, segundo Luís Camargo, em maio de 1995, em Mato Grosso do Sul. Mato Grosso do Sul, de 2011 a 2013, ainda teve registros de 539 trabalhadores resgatados de condições degradantes, segundo dados da Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. "Esse trabalho completa 20 anos em 2015 e é a ferramenta de enfrentamento ao trabalho escravo contemporâneo", acrescentou.
O procurador-geral do Trabalho afirma que, embora o país hoje seja reconhecido no combate ao trabalho escravo, há desafios: "é preciso enfrentar forças políticas que insistem em negar a existência do trabalho escravo e entidades empresariais que resistem em adotar boas práticas".
A mesa de debates também contou com a participação do arcebispo da diocese de Campo Grande, Dom Dimas, da assessora pedagógica do curso de direito da UCDB, Elaine Cler Alexandre dos Santos, da professora da UCDB e especialista em Saúde do Trabalhador, Estela Scandola, e do procurador do trabalho Jonas Ratier Moreno, coordenador nacional de erradicação do trabalho escravo do Ministério Público do Trabalho (MPT).
Fonte: Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul
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