Trabalho da mulher será foco do Fórum de Trabalho Decente
29/07/2014 – Em reunião do Fórum de Trabalho Decente e Estudos sobre Tráfico de Pessoas, realizada na última sexta-feira, 25 de julho, na sede do Ministério Público do Trabalho, em Campo Grande, a questão da mulher, especialmente o trabalho, foi pauta das discussões. A reunião contou com a presença das representantes da comunidade quilombola Furnas do Dionísio, Maria Aparecida Martins e Luciene Prado dos Santos, para discussão de projetos de inclusão social na comunidade.
Furnas do Dionísio fica na área rural do município de Jaraguari, ao norte da capital Campo Grande, onde vivem cerca de 94 famílias. Segundo a professora Luciene Prado, que é representante da Associação dos Pequenos Produtores Rurais Quilombolas de Furnas do Dionísio, atua na Coordenação Estadual das Comunidades Negras Rurais e é diretora de Cultura no município de Jaraguari, a maior preocupação da comunidade é com o êxodo da juventude. Os jovens saem da comunidade porque querem estudar e não retornam por falta de oportunidade de trabalho. Os jovens concluem o ensino médio na comunidade, mas em busca de emprego acabam não voltando.
Hoje, das 94 famílias residentes, que somam cerca de 350 pessoas, apenas 20 trabalham na produção artesanal da rapadura, produto típico de Furnas, assim como o melado e o açúcar mascavo, que são vendidos em Jaraguari e em mercados de Campo Grande. Luciene entende que é preciso investir em projetos ligados à terra, à produção agrícola: “É preciso viver da terra para preservar a cultura”, enfatizou.
A reunião foi realizada no Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho. A data é um marco internacional da luta e resistência da mulher negra contra a opressão de gênero, o racismo e a exploração de classe. Foi instituído pela ONU em 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, realizado na República Dominicana, para dar visibilidade e reconhecimento a presença e à luta das mulheres negras no continente. O objetivo da comemoração é ampliar e fortalecer as organizações de mulheres negras, construir estratégias para a inserção de temáticas voltadas para o enfrentamento ao racismo, sexismo, discriminação, preconceito e demais desigualdades raciais e sociais.
Segundo o procurador do trabalho Cícero Rufino Pereira, "todas estas questões podem passar pela questão dos Direitos Humanos, do enfrentamento à discriminação e do trabalho".
Fórum de trabalho decente Mulher
Cícero Rufino, que também é coordenador do Fórum de Trabalho Decente e Estudos sobre Tráfico de Pessoas, entende que é preciso ir além das atividades corriqueiras do Fórum e trabalhar a questão social do trabalho da mulher, no combate, por exemplo, ao assédio moral e sexual, de maneira mais ampla. Com esse propósito, durante a reunião de sexta-feira foi também lançado o Fórum de Trabalho Decente Mulher, uma estrutura dentro do Fórum voltada à promoção de ações para inclusão da mulher e promoção de seus direitos humanos.
O Fórum de Trabalho Decente Mulher será coordenado por Natália Ebehard Ziolkowsk e pela vice-coordenadora Marina Belini com o objetivo de descentralizar e dividir responsabilidades na atenção às mulheres vítimas, como ocorre com as paraguaias e bolivianas exploradas em Mato Grosso do Sul. Segundo a coordenadora Nathália, será dada atenção especial à questão de gênero.
Curso de corte e costura para mulheres do Instituto Guataverá
O dia 25 de julho também marcou o início do curso de corte e costura ministrado no Instituto Guataverá de Apoio Sociocultural para 10 mulheres do Jardim Noroeste. O curso teve o apoio do Fórum de Trabalho Decente e Estudos sobre Tráfico de Pessoas, que destinou recursos para aquisição de cinco máquinas de costura, tesouras, tecidos, linhas e moldes. As alunas do curso foram selecionadas a partir de um pré-cadastro de 113 inscritas. A aula inaugural teve a presença da vice-coordenadora do Fórum de Trabalho Decente, Alaíde Maria dos Santos, que estimulou as alunas a aplicarem seus novos conhecimentos também na indústria de confecções.
Fonte: Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul
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