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Quatro trabalhadores são resgatados em fazenda de Corumbá

Ministério Público do Trabalho estuda pedir a desapropriação do local como meio mais eficaz de punição

26/02/2025 - Quatro trabalhadores foram resgatados de condições semelhantes à escravidão na Fazenda Carandaí, localizada na zona rural de Corumbá (MS). A operação foi realizada na última terça-feira (25) a partir de denúncia anônima e contou com integrantes do Ministério Público do Trabalho (MPT), da Polícia do MPU, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), da Polícia Militar Ambiental (PMA) da Polícia Federal (PF) e da Casa Militar do Mato Grosso do Sul.

As vítimas atuavam na extração de postes de madeira e viviam em condições degradantes. Foi constatado que alguns trabalhadores dormiam em redes embaixo de lona enquanto outros utilizavam colchão sobre cama de palha.

Falta de água potável, de banheiros e de instalações adequadas para o preparo de refeições foram outras irregularidades flagradas durante a operação. Durante a inspeção, foram tomados depoimentos do gerente da propriedade e dos trabalhadores resgatados. Relatos revelaram que os trabalhadores consumiam a mesma água utilizada pelo gado, que eles faziam necessidades fisiológicas no mato e que preparavam os alimentos em fogareiro improvisado.

A equipe de fiscalização também identificou o uso desvirtuado da terceirização informal como tentativa de afastar o vínculo de emprego direto entre o fazendeiro e os trabalhadores.

De acordo com o procurador do Trabalho Paulo Douglas Almeida de Moraes, chamou a atenção o fato de o proprietário da fazenda, assim que soube que o helicóptero da equipe sobrevoava a região, ter determinado aos trabalhadores para que destruíssem os barracos e se escondessem. “Trata-se de uma evidência não apenas da consciência do ilícito como demonstra uma notória tentativa de ocultação das provas, circunstância que torna o caso bastante grave”.

Diante disso, o procurador do Trabalho afirmou que a atitude do empregador abre espaço para discutir eventual pedido de expropriação da fazenda como meio mais eficaz de punição. “A diferença entre esse caso e outros consiste na consciência do ilícito e na persistência da conduta, denotando que as penas e consequências que são aplicadas em situações como essa não foram suficientes para impedir que o empregador cometa irregularidades”.

O proprietário da fazenda foi convocado a comparecer em audiência na Vara do Trabalho de Corumbá, que será realizada nesta quinta-feira (27), às 9h. Durante a audiência, além de ouvir a versão do empregador para os fatos, o MPT vai discutir o registro na carteira de trabalho das vítimas, o pagamento de verbas rescisórias e do FGTS assim como os valores de dano moral individual e coletivo.

Outro caso

Também em fevereiro, o MPT participou de operação que retirou 22 trabalhadores da escravidão contemporânea em fazenda localizada no município de Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul. Após a fiscalização, o proprietário se comprometeu a pagar R$ 1,4 milhão em dano moral individual e R$ 500 mil em dano moral coletivo, além das verbas rescisórias.

Neste ano já foram 26 trabalhadores resgatados em Mato Grosso do Sul.

Fotos: Polícia do MPU

Fonte: Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul
Informações: (67) 3358-3035 | (67) 99275-8636
www.prt24.mpt.mp.br | Twitter: @MPT_MS | Instagram: @mpt_ms

Tags: trabalho escravo, Ministério Público do Trabalho, Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo , trabalho análogo ao de escravo , resgate, condições degradantes, combate à escravidão contemporânea, erradicação do trabalho análogo ao de escravo

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