MPT promove campanha de combate à violência contra a mulher
A cada dois segundos, uma mulher é vítima de violência física ou verbal no país. Campanha convoca sociedade a refletir e reagir diante de violações
Brasília, 24/11/2020 - Para encorajar a mudança de comportamento e a tomada de atitude diante de situações de desrespeito e violência contra a mulher, o Ministério Público do Trabalho lança campanha nacional de conscientização que ilustra comportamentos inadequados e propõe uma reflexão quanto aos relacionamentos dentro e fora do ambiente de trabalho.
As publicações serão feitas a partir desta terça-feira, 24 de novembro, nas redes sociais da instituição, em alusão aos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, que é promovido anualmente a partir do dia 25 de novembro, Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher. Com o slogan “quem sente, não consente”, serão veiculados vídeos idealizados pelo MPT em Santa Maria (RS).
Além da campanha nas redes sociais, o MPT publicou a cartilha "ABC da Violência contra a Mulher no Trabalho", disponível aqui, que trata do tema sob um viés corporativo e explica o significado de termos como "manterrupting", "bropriating", entre outras expressões cunhadas diante da normalização de condutas machistas e/ou inadequadas dos homens em relação às mulheres no ambiente de trabalho, mas que configuram assédio.
De acordo com a procuradora do MPT em Santa Maria Bruna Iensen Desconzi, o foco é alertar para o assédio moral e sexual mostrando como atitudes motivadas por uma educação machista podem trazer prejuízos não só no ambiente do trabalho, a exemplo dos altos índices de feminicídio no Brasil. “A campanha busca dar voz ao respeito e à igualdade”, sintetiza.
Além disso, será divulgada também uma série de cards móveis com termos extraídos do ABC da Violência contra a Mulher no Trabalho, publicação feita pelo MPT que mostra atitudes comumente praticadas por homens no trabalho, e que podem configurar violações aos direitos das mulheres. Os cards questionam “você já viu um homem agir assim no trabalho?” e apresentam situações que ajudam a identificar e combater esses comportamentos.
O MPT atua para que haja a efetivação das disposições da Constituição Federal, que assegura a homens e mulheres igualdade de direitos e obrigações, sendo vedada, pelo seu artigo 7º, a diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, entre outros. O órgão busca, ainda, a prevenção, a fiscalização e a solução de situações de assédio moral, inclusive as de cunho sexual, que em muitos casos não são denunciadas por medo de represálias.
A campanha pode ser reproduzida gratuitamente por veículos interessados.
Violência física e verbal
Segundo pesquisa do Instituto Datafolha, no ano de 2018, 27,4% das mulheres brasileiras com mais de 16 anos afirmam ter sido vítimas de algum tipo de violência e 37,1% relatam ter sido vítimas de assédio. Dados do Relógios da Violência do Instituto Maria da Penha também dão conta que, a cada dois segundos, uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil. No entanto, em 2019, menos de 7% das ligações recebidas pela Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 acabaram em denúncias efetivadas, aponta levantamento do Sistema de Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos e Atendimentos (SONDHA).
“Um dos principais problemas está na naturalização do desrespeito contra a mulher. Isso também se reflete no ambiente laboral, pois faz com que as mulheres se sintam desencorajadas a reagir ou denunciar os agressores. Mas a ação diante da violência contra a mulher não é só responsabilidade da vítima. Observadores também têm o dever de intervir nesse tipo de situação, para criar uma consciência coletiva sobre respeito e igualdade de gênero”, explica a procuradora Adriane Reis, coordenadora nacional de Promoção da Igualdade e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade), do MPT.
De acordo com o IBGE:
- 48% dos homens entre 16 e 24 anos acham errado uma mulher sair sozinha com os amigos sem a companhia do marido, namorado ou “ficante”; 76% criticam uma mulher que sai com diferentes homens; 80% afirmam que mulheres não deveriam ficar bêbadas na balada; 27% pensam que a mulher vítima de estupro também tem culpa.
A pesquisa também comprova que, mesmo tendo consciência dos comportamentos inadequados, os homens não sabem o que fazer para melhorar:
- 60% dos homens dizem que poderiam melhorar sua postura diante das mulheres; 31% dizem que gostariam de não ser machistas, mas não sabem como agir; 45,5% gostariam de se expressar de forma menos dura e agressiva.
A consciência do problema por parte do público masculino abre uma oportunidade para dialogar sobre o tema e incentivar a tomada de atitude diante de uma situação de abuso.
Assista abaixo os vídeos de estreia da campanha do MPT:
Vídeos “Quem sente não consente” (disponível em diversos formatos e nas durações de 15s, 30s e 60s)
Ponto de vista da mulher no almoço com colegas de trabalho
Ponto de vista do colega homem
Fonte: Procuradoria-Geral do Trabalho, com informações do MPT-RS
Informações: (61) 3314-8101/8233
www.mpt.mp.br
Tags: Ministério Público do Trabalho, Coordenadoria de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho , COORDIGUALDADE, Mulher