Cooperação entre MPT, governo e empresas gera dois mil empregos a índios do MS

Colheita de frutas no Sul do país está entre principais atividades que recebem a mão de obra

26/05/2017 - Uma parceria entre o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab) e empresas privadas está contribuindo para inserir os índios do estado no mercado de trabalho. A previsão é de que, por ano, cerca de dois mil terenas e guaranis sejam contratados para trabalhar nas safras, principalmente de frutas. Levando-se em conta que cada família indígena é composta por cinco pessoas, aproximadamente dez mil pessoas são beneficiadas pela iniciativa.

Somente este ano, graças à união de esforços, mais de 500 indígenas terena e guarani trabalharam na colheita de maçã nas lavouras da empresa Aliprandini, com sede em Vacaria, Rio Grande do Sul. A empresa é detentora da marca Frutini e fornece frutas e legumes para praticamente todo o Brasil. Por ano, são colhidas aproximadamente 20 mil toneladas de maçã.

Segundo o procurador do Trabalho Jeferson Pereira, que participou da formalização dessa parceria, milhares de indígenas de Mato Grosso do Sul devem ser favorecidos com a articulação institucional. “A participação da Funtrab é fundamental, uma vez que garante que os trabalhadores saiam do estado protegidos pelos contratos e sabendo quanto irão receber pelo serviço”, afirmou. A fundação é responsável pela seleção da mão de obra e pela elaboração dos contratos entre índios e empresas.

Jeferson Pereira também enfatizou que “a estratégia é fruto dos entendimentos realizados junto a empresas como a Rasip, Agrícola Fraiburgo e Fischer, que concordaram com essa forma de contratação e elevaram a quantidade de trabalhadores indígenas empregados anualmente”.

A parceria estabelece que, além do salário, as empresas forneçam para os indígenas transporte, hospedagem e alimentação. No caso da Aliprandini, por exemplo, em valores de fevereiro, cada índio contratado recebeu R$ 1.175,00 de salário-base mais os acréscimos referentes à produtividade e horas extras. “Cada um tem uma meta. Atingindo-a e com as horas extras, alguns chegaram a dobrar o salário”, comentou Nilson Bossardi, funcionário da empresa responsável pelo recrutamento.

Bossardi explica que a mão de obra para esse serviço na região é difícil e que outra vantagem da parceria é que a contratação é feita por grupos, embora os contratos sejam individuais – no total a Aliprandini contratou neste ano 540 terenas e guaranis, mas divididos em turmas –.

“A gente precisa muito desse apoio para as nossas famílias”, afirma o terena Ivanilson Machado Peixoto, da Aldeia Limão Verde, em Aquidauana. Pai de três filhos, ele diz que nesta safra 46 moradores da aldeia foram trabalhar na colheita da maçã nas lavouras da Aliprandini.

Peixoto esclarece que, durante o ano, os moradores da Limão Verde se dedicam a lavoura própria e, no período da safra da empresa de Vacaria, aproveitam para ganhar uma renda extra. O dinheiro conquistado é investido principalmente na melhoria da habitação, na compra de roupas para os filhos, na aquisição de animais para cria e em insumos para a lavoura. Ele lembra que, antes dessa parceria, os terenas viviam sem emprego, pois a partir de 2008 as usinas de cana-de-açúcar deixaram de oferecer vagas. Em média, eles trabalham de dois a três meses na colheita de frutas na região Sul do país.

Fonte: Portal do Governo de Mato Grosso do Sul

Tags: Ministério Público do Trabalho, trabalho indígena

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