Unicef aponta redução do trabalho infantil nos 25 anos do ECA
Trabalho infantil tem queda de 73% entre crianças e adolescentes de 5 a 15 anos
17-07-2015 – O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completou 25 anos no dia 13 de junho e, de acordo com relatório “#ECA25anos – avanços e desafios para a infância e adolescência no Brasil”, divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a redução do trabalho infantil no Brasil foi uma das conquistas de sua atuação.
Em 1992, o número de crianças e adolescentes de 5 a 15 anos trabalhando era de 5,4 milhões e, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), esse número caiu para 1,3 milhão em 2013. A redução, de 14,6% para 4%, representa uma queda de 73,6% na taxa de trabalho infantil para essa faixa etária.
De acordo com o relatório, é preciso desnaturalizar a prática do trabalho infantil. “Algumas formas de trabalho infantil ainda são culturalmente aceitas, como o trabalho doméstico”, aponta o documento. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2008 e 2011, o número de casos de crianças e adolescentes ocupados no trabalho infantil doméstico diminuiu de 325 mil para 258 mil, redução de 0,2 ponto percentual.
Trabalho infantil em Mato Grosso do Sul
Em Mato Grosso do Sul, segundo dados do IBGE, entre 2011 e 2013 o número de crianças e adolescentes trabalhando subiu de 36.665 para 45.125. O Estado ocupava o 22° lugar no ranking nacional de trabalho infantil e passou a ocupar o 11° lugar no ranking nacional. A procuradora do Ministério Público do Trabalho em Dourados, Cândice Arosio, titular da Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho de Crianças e Adolescentes (Coordinfância) em Mato Grosso do Sul, acredita que “isso é reflexo de uma situação social que se agrava e que impõe aos jovens o início do labor antes da hora certa”.
Dados das ações fiscais realizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego apontam que, em 2014, 485 crianças e adolescentes foram flagrados em situação de trabalho infantil em 614 ações fiscais. Em 2015, de janeiro até agora, em 253 ações 255 crianças e adolescentes foram alcançados.
As atividades em que mais foram flagradas situações de exploração da mão de obra infanto-juvenil, segundo a auditora fiscal Maristela Borges Saravi, coordenadora do Projeto de Combate ao Trabalho Infantil da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), são as oficinas mecânicas e lava-jatos.
Redução não é solução
Tramita no Congresso a Proposta de Emenda à Constituição, a PEC 171/1993, que propõe a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos de idade. Aprovada no dia 2 de junho na Câmara, a proposta segue para o Senado. A procuradora do trabalho, Cândice Arosio, acredita que a redução da maioridade penal não é uma solução. “Isso não resolve o problema da criminalidade, nem trata o problema na sua causa”, completa.
Apesar de não estar diretamente ligado, a procuradora do trabalho Cândice Arosio acredita que isso representa um retrocesso. “Esse tema não tem relação direita com a idade mínima para admissão no emprego, mas caso aprovado, pode vir a se tornar um argumento para os que defendem a redução da idade para começar a trabalhar”, afirma.
Para a procuradora do trabalho Cândice Arosio, o trabalho na infância ainda é visto como uma solução para a criminalidade. “Isso é um mito. Na verdade o trabalho infantil só é tolerado para os pobres, pois quem tem o mínimo de condição financeira não expõe seus filhos a ele. Pensa-se que o trabalho precoce é bom, mas não se leva em conta que ele também é uma violação de direitos”, completa.
Fonte: Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul
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